4/16/2006

RESENHA DO LIVRO IGREJA S/A

PASTOR & OVELHAS X CLERO & PLEBE – QUAL O GENUÍNO MODELO?

WAGNER, E. Glenn. Igreja S/A: Dando adeus à Igreja-Empresa, recuperando o sentido da Igreja-Rebanho. São Paulo: Ed. Vida, 2001. 273p.

E. Glenn Wagner é pastor titular da Calvary Church, em Charlotte, Carolina do Norte, EUA. É Mestre em Ciências humanas pela Grace Graduate School, Ph.D em Religiões e Sociedade pela Oxford Graduate School e doutor em Ministério pela Northwest Graduate School of Ministry. Foi vice-presidente do ministério Promisse Keepers (Homens da Promessa), e escreveu o livro Igreja S/A, relatando de maneira bem pessoal sobre os problemas que as Igrejas nos EUA têm enfrentado a partir do modelo igreja-empresa, quais as suas características e conseqüências. Wagner também aponta para um paradigma abandonado (igreja-rebanho) e quais as vantagens deste modelo para o corpo de Cristo.
O livro está dividido em três partes, e subdividido em doze capítulos. A primeira parte apresenta os problemas do modelo atual de igreja, em quatro capítulos. Já na segunda parte o autor traz uma reflexão sobre as dificuldades, desafios e possibilidades de se ser genuinamente um pastor, através de cinco capítulos. Glenn se utiliza dos três últimos capítulos para relatar sobre os benefícios de se ter uma igreja organismo, viva. Wagner conclui o livro convocando as Igrejas e seus pastores a experimentarem o novo (ou quem sabe o velho) modelo de Igreja que o Senhor idealizou (a relação pastor-rebanho).
No primeiro Capítulo, Glenn Wagner aborda os problemas enfrentados pelas igrejas norte-americanas com o modelo igreja-empresa. Wagner pontua que não é necessária uma resposta nova aos problemas atuais, mas um retorno aos princípios antigos, ao modelo original de Deus para o ministério pastoral.
Já no segundo capítulo, Glenn relata sobre o modelo negligenciado pelas igrejas americanas. Wagner discorre sobre as mudanças sociais e o distanciamento da verdadeira e tradicional função (Pastor) para as funções atuais de gerenciador, líder, dentre outros. O autor enfatiza claramente, de maneira até redundante, que Deus comissionou os pastores para cuidar, zelar, se preocupar com seu povo.
Continuando, no capítulo de número três (Uma mudança desastrosa), o autor critica a ênfase dada nos últimos anos a modelos sociológicos e psicológicos, ao invés da busca por modelos bíblicos e teológicos de se fazer igreja.
Terminando esta primeira parte, o capítulo quatro expõe que o propósito da igreja deve ser simples. Deve-se buscar a restauração dos aspectos básicos: Igreja = ovelhas, Líder = Pastor. Simplicidade, esta é a palavra chave deste capítulo.
Partindo para segunda parte do livro (cap. 5 a 9), Glenn Wagner trata sobre a vida do pastor. No capítulo cinco, Wagner discorre sobre a identidade do Pastor. É necessário entender o que significa ser pastor, pois Deus escolheu o modelo de Pastor de Ovelhas e não outro e as pessoas necessitam realmente é daquele que pastoreia o rebanho de Deus. Esta é sua identidade.
No sexto capítulo, Glenn traça o perfil que Deus faz do Pastor. Primeiro, o autor tração perfil de Deus como Pastor, de Jesus como Pastor e de líderes humanos como pastores. O termo chave para o caráter do Pastor é Cuidado Amável.
Já no sétimo capítulo, o autor faz uma distinção entre líder e pastor. Esta não é só uma diferença semântica, mas de conceitos. Líder se preocupa com projetos, metas, objetivos e não com pessoas. Na Igreja, isto faz toda a diferença, pois igreja é lugar de relacionamentos, e não de metas alcançadas e nem de objetivos conquistados a qualquer preço.
No capítulo de número oito, Glenn aborda o tema “o Chamado de Deus”. O autor declara que todo pastor deve ter plena consciência de que recebeu um chamado divino. Para se entender este chamado, um bom requisito é saber se o pastor tem dons pessoais necessários ao pastorado (Cuidado e ensino). Paixão pelo ministério pastoral também é indispensável. A confirmação da Igreja local é sobremaneira necessária para a validação do chamado pastoral.
Fechando a segunda parte, Wagner registra no capítulo nove a glória de ser pastor na medida em que o pastorado é uma oportunidade única dada por Deus. Mas, a glória também consiste em ser censurado pelo mundo por amor a Cristo. A censura deve ser visto como instrumento para união com Cristo.
Na última parte do livro, o autor trata dos relacionamentos. No décimo capítulo, Glenn Wagner relata que a Igreja é o lugar aonde podemos ser treinados e desafiados para encorajar e ajudar uns aos outros. Os relacionamentos ajudam a desenvolver na comunidade o acesso da Palavra de Deus, e a própria vida é estimada, na medida em que o indivíduo é valorizado.
No décimo primeiro capítulo, Wagner, a partir de acompanhamentos feitos com cinco pastores e um ex-pastor, demonstra através de entrevistas que este método pastoral funciona nos EUA.
Terminando o livro (décimo segundo capítulo e epílogo), o autor convoca a igreja para um reavivamento, centrado nas Escrituras e no modelo pastoral, que pode ser a restauração da igreja nesses dias, através de uma mudança de atitude e retorno ao paradigma eclesial bíblico.
Concluindo, o livro Igreja S/A traz a reflexão os modelos de igrejas atuais em contrapartida com o modelo bíblico. É interessante notar a ênfase que Wagner coloca na igreja como local de relacionamentos e de cuidado afetivo. Pastor e ovelhas se relacionam e amor, não em hierarquia. O ponto negativo do livro está na falta de apresentação do modelo Pastoral de forma objetiva, simplificado como “Cuidado e Relacionamentos”. Mas, no geral, o livro discorre bem sobre o assunto.
Pode ser indicado a pastores iniciantes e experientes, leigos que desejam auxiliar nas suas igrejas e a todos os estudantes de teologia que buscam o estudo de novos modelos eclesiais para os dias atuais.

3 comentários:

Anônimo disse...

Que grata surpresa ao visualizar seu blog, João, e perceber uma resenha bem construída sobre um tema bem pertinente! Daniela

Unknown disse...

Agradeço as considerações.

Pastor: Ricardo Da Costa disse...

Legal, estou lendo do mesmo autor A Igreja que você sempre quis.